EXISTE DE FATO ALGUMA INOVAÇÃO NA PROPOSTA DO ENSINO MÉDIO INOVADOR? Entrevista com Carlos Artex
2. PRINCIPAIS PROBLEMAS DO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO NA ATUALIDADE
- Enfoque prioritário da função propedêutica do “preparo
para o curso superior”, na pinião de ¾ dos alunos da escola privada e mais da metade
dos alunos da escola pública. Em outras palavras, é o vestibular que determina
a identidade do ensino médio (Pesquisa “Ensino Médio: Múltiplas Vozes”,
UNESCO/MEC/2003).
- Comparada com os índices de universalização do
Ensino Fundamental conseguidos nos últimos anos (97%), é muito baixa a taxa de
escolarização líquida do ensino médio no país (44% em 2005) com significativas
distorções regionais (Alagoas, 18%). Isto quer dizer que a maioria dos jovens
na idade/série (15-17 anos) que deveriam estar cursando o ensino médio, na
realidade ou estão ainda no ensino fundamental (mais de um terço) ou estão fora
da escola. (PNAD/IBGE/2005).
- Índice de matrícula no 1º ano do ensino médio
alarmante: dos cerca de 10 milhões e meio de brasileiros com idade entre 15 e
17 anos (idade/série), mais de 50% não estão matriculados no ensino médio. A
maioria desses alunos que não se matriculam pertence à classe pobre, é negro e
mora no Nordeste (PNAD/2006).
- Índices preocupantes e crescentes, ano após ano,
de evasão escolar. Em 2006, quase 18% dos alunos, com idade entre 15 e 17 anos,
abandonam a escola, alguns (62%) de vez e outros (17%) até três vezes. Motivo?
40% por falta de interesse, 27% por necessidade de trabalhar, 22% por motivos
vários (gravidez etc.) e 11% por falta de escola (CPS/IBRE/FGV 2009, p.1-15).
- No Brasil, apenas 52% dos alunos do ensino médio
estão com a idade de 15 a 17 anos (idade/série). Os que estão no ensino médio e
tem mais de 18 anos são 48%. Isto significa que a correção da distorção
idade/série ainda é um desafio, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, nas
quais os alunos idade/série não superam o 35%. (MEC/INEP).
- Altos Índices de Repetência (e consequente
distorção idade/série) demonstram a ausência de um acompanhamento individual e
o fracasso das muitas vezes inexistentes “recuperações paralelas”
(MEC/INEP/2009).
- Resultados negativos nas avaliações da
aprendizagem dos alunos, efetuadas por diversos programas e testes estaduais,
nacionais e internacionais (SAEGO, SAEB, PROVA BRASIL, IDEB, IDESP, ENEM e
PISA).
- Falta de professores titulados nas disciplinas
que ministram, bem como ausência de processos de educação continuada.
- Relação conflitante entre professores e alunos,
com índices preocupantes de rejeição.
- Comparando os dados de 2007/2008, as matrículas
do ensino infantil estão em alta (quase 11%); as do ensino fundamental em leve
retração (0.1%); as matrículas do ensino médio encontram-se estagnadas; as da
educação Profissional em franca expansão (quase 15%), com destaque especial para
os avanços da Educação Profissional Técnica integrada ao Ensino Médio (quase
800 mil matrículas em 2008) (MEC/INEP/Deed e Censo Escolar, 2008).
- Alcançada a quase universalização do ensino
fundamental (97%), notam-se índices crescentes de reprovação, abandono,
repetência e evasão nesse nível de ensino, o que resulta na redução do número
de concluintes aptos a se matricular no ensino médio (MEC/INEP).
Infelizmente, a estes resultados das pesquisas
educacionais soma-se a constatação de que, quando o ensino brasileiro não
atinge suas metas no ensino básico, empobrece os demais níveis de ensino,
vivenciando um círculo vicioso paradoxal, uma corrente de insucessos que se
repete em todas as modalidades da educação nacional:
O ensino fundamental, quando não alcança as METAS
dos conteúdos-mínimos programáticos (que incluem níveis de alfabetização básica
no domínio da língua portuguesa e na Matemática) leva ao ensino médio um aluno
que não sabe ler, escrever e fazer as contas mais simples. Este, por sua vez, não
realizando os conteúdos-mínimos programáticos do nível médio, entra na
universidade despreparado, necessitando de aulas de reforço, a fim de recuperar
os conteúdos do ensino médio, necessários para cursar o ensino superior. O
curso superior, por sua vez, não recebendo alunos com os conhecimentos básicos,
forma profissionais de qualidade sofrível. Entre eles, os profissionais da
educação, que irão lecionar no ensino fundamental.
Cria-se um círculo vicioso, uma corrente de
insucessos pedagógicos, presentes em todo o processo da educação nacional.
Estamos diante de um estelionato pedagógico, pois cada nível de ensino não
consegue realizar suas metas de aprendizagem, mas concede certificados e
diplomas que atestam a aquisição de competências, habilidades e atitudes muitas
vezes não adquiridas.
O quadro abaixo, parte integrante do Plano de Metas do MEC demonstra de que forma a situação pode ser revertida, observe:
Participe, contribua com comentários, dúvidas, etc. Sua opinião é muito importante nesse momento de transição.